terça-feira, 19 de outubro de 2010

As formas de acreditar...




Fizeram-nos acreditar que o amor…
O amor mesmo…
Amor a sério,
Só acontece uma vez,
Não nos contaram que o amor
Não é accionado
Nem chega com hora marcada…

Fizeram-nos acreditar que cada um de nós
Era a metade de uma laranja
E que a vida só ganha sentido
Quando encontramos a outra metade…

Não nos contaram que já nascemos inteiros;
Que ninguém na nossa vida
Merece carregar nas costas
A responsabilidade de completar
O que nos falta…

Nós crescemos
Através de nós mesmos.
Se estivermos em boa companhia
É mais delicado…

Fizeram-nos acreditar
Numa fórmula chamada “dois em um”,
Duas pessoas a pensar igual,
A agir igual
E, que era isso que funcionava…

Que só sendo indivíduos
Com personalidade própria
É que podemos ter uma relação saudável…

Fizeram-me acreditar
Que o casamento é obrigatório
E que os desejos fora de hora
Devem ser reprimidos…

Não nos contaram
Que essas fórmulas não dão certo,
Que frustram as pessoas,
Que são alienantes
E que podemos ter outras alternativas…
E também não nos disseram
Que ninguém nos vai dizer isto…

sábado, 11 de setembro de 2010

“Lembrança”




Recordo,
Intensos acontecimentos,
De dias,
De períodos,
De ciclos de uma vida,
Que às vezes não identifico
Como tendo sido minha,
Até que chego a ti…

Quando enfim me perco
Na tua memória,
Sinto-me como se,
Após uma longa
E árdua caminhada,
Me visse enfim chegada a casa…

Lembro-me da praia,
Da chuva,
Das estrelas…
Lembro-me das palavras,
Dos olhares,
Dos sorrisos,
Das saudades,
Dos gestos
E da suavidade do teu toque…

Lembro-me de dançar,
Sob o olhar atento,
Num leve momento,
De uma noite de luar desaparecida
Entre os teus braços…

Lembro-me de correr
Na praia sob a chuva,
Os dedos entrelaçados aos teus,
Sem pressa alguma,
De me abrigar
Senão no teu carinho.

Lembro-me de te ouvir
Dizer que me adoras,
Às vezes ser feliz parece tão fácil…
Queres saber um segredo?

Cansei-me de querer transcrever,
Em palavras cada batida do meu coração…

Dir-te-ei apenas,
Que junto a ti me sinto,
Tão melhor do que algum dia fui
E que tudo o que procurei
Um dia se resume em ti,
Nos momentos que partilhamos,
Na pessoa que és,
Quisera um dia poder,
Transmitir-te com as certezas precisas,
O quanto o ter-te conhecido,
Modificou as equações de vida,
Que julgara tão cuidadosamente traçadas
Para abarcar qualquer acaso…

Mas creio ter,
Enfim descoberto,
Que o amor não é redutível,
A números,
Ou palavras,
E que a sua força descansa,
Na certeza das nossas dúvidas…

Porque longe de podermos pautar-nos
Por regras há que embrenhar-nos
Na subtileza dos sinais,
Que os gestos nos transmitem,
E ter a coragem,
De deixar-nos guiar
Por vontades que não a nossa…

Hoje não saberia dizer-te
O quanto significas para mim…
Porque nunca julguei
Ser possível gostar
De alguém a este ponto.

Os limites que um dia me impus
Dobraram-se à ineficácia
Da sua própria rigidez
E conheceram um fim em si mesmos,
O coração pulsa-me
No peito desenfreado,
E não quero impor rédeas
Às suas batidas aceleradas,
Já não conseguiria fazê-lo
De qualquer das formas…

Conseguiste que me superasse
Nos meus próprios sentimentos…
Hoje em dia vivo
Somente para um momento…
O próximo que partilharei contigo…

Que poderá ser aquele
Em que enfim perderei o medo
De algumas palavras
Que venho amontoando,
Ciosa da sua força
E do seu impacto sobre mim…

Quero expor-me a ti por inteiro,
Finalmente…
E dizer-te numa última palavra
Exactamente,
O quanto me consegues ser especial…
Mas para tudo na vida
É preciso coragem…

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Nas tuas águas



Eu tenho duas praias
Que levo por onde vou
As águas nelas contidas
Sempre brilham em ti o olhar
E quando te tenho perto
Elas tendem a transbordar
Mostrando todo o amor
Que eu tenho para te dar.

Nestas águas,
A minha alma é reflectida
Mostrando todo o amor
Que eu guardei por muitas vidas
Nelas não existem chegadas
Nem tão pouco partidas
Pois recolho a todas elas
As emoções em mim contidas.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Amar em silêncio



Ama-me como se não houvesse amanhã,
Não me percas no tempo,
Não te despeças das palavras,
Leva-me para o teu mundo,
Não queiras fugir das amarras,
Solta o que há melhor de ti.
Sou melhor contigo perto.

Despe-te de preconceitos,
De me dizeres que me amas
Sem anseios,
Porque te escondes?
Porque tens de amar em silêncio?

Vem para perto de mim,
Não me amas só por metade,
Ama-me por completo,
Sou tua,
Eternamente.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Busca





Entro na busca incessante
De sentimentos,
De palavras,
De recordaçoes.
Rodopiam em olhares,
Em sorrisos, em gestos,
Mas são apenas meros momentos.

Tento manter a calma,
Levar a alegria nos olhos,
Julgar menos os escolhos,
Viver numa calma aparente
E colocar na minha mente
A rotina dos dias.

Vejo o fervilhão dos tempos,
A definhar nos lamentos,
Paro e penso,
Na revolta dos seus olhos,
Nas lágrimas que teimam em estar secas,
Transbordam-me a alma,
Que me levam à lama.

Ter nada e ter tudo,
Viver tudo e não ter o mundo,
Me conduzem a ficar sem rumo.
De novo penso,
Na outra margem,
Uma miragem,
Que me conduz para bem longe,
Num mundo que só entra quem nao tem medos,
Crendo acima deste mundo.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Contar




O tempo não conta,
Conta mais quem fomos,
Há quem conte o tempo
E eu conto o que somos.

Ao longe,
Os olhos não sei fechar,
Tenho receio da ida,
Tenho medo de acordar
E não ver a nossa vida.

Sinto-me pequena,
Aprisionada a ti,
Um ser errante,
Pensante,
Sem destino.

A minha noite
Tirou-me a exactidão
Do tempo,
Ficou apenas,
A solidão
De não te ter
Nos meus braços.

De não saber o dia
De Amanhã,
Ou se serás aquilo
Que quero para mim.

No fundo quero
Acreditar,
Que não vai haver
Um fim
Entre nós.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Expectação




Tencionei-te aqui,
Bem ao meu contorno,
No meu colo profundo,
Compus fantasia
Fiz luz,
Guardo assim,
Na mão,
Dentro do coração.

Vi-te ali,
A mergulhar,
A flutuar no mar,
Que hoje
É o fundo da tua assolação.

Gratidão te edifico,
Construi contigo as arestas
Da minha própria “casa”,
Hoje apenas limando
Desacompanhada,
Mas paciente
Pela estruturação
De uma ponte entre nós.

Quero ficar para sempre
No teu corpo
Quente,
Aconchegada,
Protegida,
Sempre na infinidade
Dos teus sentimentos,
Eu busco,
Assídua
Esse sentido para mim.