sábado, 11 de setembro de 2010

“Lembrança”




Recordo,
Intensos acontecimentos,
De dias,
De períodos,
De ciclos de uma vida,
Que às vezes não identifico
Como tendo sido minha,
Até que chego a ti…

Quando enfim me perco
Na tua memória,
Sinto-me como se,
Após uma longa
E árdua caminhada,
Me visse enfim chegada a casa…

Lembro-me da praia,
Da chuva,
Das estrelas…
Lembro-me das palavras,
Dos olhares,
Dos sorrisos,
Das saudades,
Dos gestos
E da suavidade do teu toque…

Lembro-me de dançar,
Sob o olhar atento,
Num leve momento,
De uma noite de luar desaparecida
Entre os teus braços…

Lembro-me de correr
Na praia sob a chuva,
Os dedos entrelaçados aos teus,
Sem pressa alguma,
De me abrigar
Senão no teu carinho.

Lembro-me de te ouvir
Dizer que me adoras,
Às vezes ser feliz parece tão fácil…
Queres saber um segredo?

Cansei-me de querer transcrever,
Em palavras cada batida do meu coração…

Dir-te-ei apenas,
Que junto a ti me sinto,
Tão melhor do que algum dia fui
E que tudo o que procurei
Um dia se resume em ti,
Nos momentos que partilhamos,
Na pessoa que és,
Quisera um dia poder,
Transmitir-te com as certezas precisas,
O quanto o ter-te conhecido,
Modificou as equações de vida,
Que julgara tão cuidadosamente traçadas
Para abarcar qualquer acaso…

Mas creio ter,
Enfim descoberto,
Que o amor não é redutível,
A números,
Ou palavras,
E que a sua força descansa,
Na certeza das nossas dúvidas…

Porque longe de podermos pautar-nos
Por regras há que embrenhar-nos
Na subtileza dos sinais,
Que os gestos nos transmitem,
E ter a coragem,
De deixar-nos guiar
Por vontades que não a nossa…

Hoje não saberia dizer-te
O quanto significas para mim…
Porque nunca julguei
Ser possível gostar
De alguém a este ponto.

Os limites que um dia me impus
Dobraram-se à ineficácia
Da sua própria rigidez
E conheceram um fim em si mesmos,
O coração pulsa-me
No peito desenfreado,
E não quero impor rédeas
Às suas batidas aceleradas,
Já não conseguiria fazê-lo
De qualquer das formas…

Conseguiste que me superasse
Nos meus próprios sentimentos…
Hoje em dia vivo
Somente para um momento…
O próximo que partilharei contigo…

Que poderá ser aquele
Em que enfim perderei o medo
De algumas palavras
Que venho amontoando,
Ciosa da sua força
E do seu impacto sobre mim…

Quero expor-me a ti por inteiro,
Finalmente…
E dizer-te numa última palavra
Exactamente,
O quanto me consegues ser especial…
Mas para tudo na vida
É preciso coragem…

1 comentário:

Ricardo Sousa disse...

gostei aliás tambem gosto de poesia inclusive citá-la